16 de fevereiro de 2007

A verdade incontestável está comigo.

De todos os vencedores das diversas categorias do Alfred 2006, não poderia concordar mais do que com a "premiação" da terrível "cena da navalha" de Caché na categoria 'Cena do Ano'.

Não houve um ser vivente na sala de cinema que não ficou emocionado, de alguma forma, com as imagens. Uma coisa dessas deveria ser homenageada em todas as premiações mundo afora. No final do dia, são estas marcas indeléveis, como a cena do gato em Bonequinha de Luxo, que fazem a exaustivamente comentada "magia" do cinema.

Uma nota aos desavisados: o Alfred leva em consideração não o ano de produção do filme, mas o de exibição no Brasil.

14 de fevereiro de 2007

A surpreendente novidade antiga.

Conheço My Morning Jacket desde o álbum It Still Moves de 2003. Fiquei logo grudado com o chicletes One Big Holiday e seus fantásticos riffs e solos de guitarras. Embora a banda possua uma forte influência do hard rock da década de 70, ela não se limita a reedições de rock songs das décadas passadas. My Morning Jacket surpreende pela variedade e riqueza do repertório que a cada momento pende para um estilo do roquesco/popesco.

Apesar de ter acreditado no futuro da banda desde minha primeira audição, fiquei realmente surpreso, há alguns dias atrás, quando encontrei no Soulseek não apenas mais um disco "novo" do grupo, mas dois: Z (2005, capa ao lado) e Okonokos (2006). – Ok, eu sei que isso não é nada novo, mas morar em Angola e depois no interior do Brasil, faz muitas coisas velhas parecerem novidade, além disso, de acordo com Pirandello "assim é, se lhe parece", logo os álbuns são novos.

Uma boa péssima descoberta esses discos. Faz uma semana que estou com Wordless Chorus (música que abre o álbum Z) rodando na cabeça. Já tentei até decorar as letras dos sambas-enredo das vinhetas da Globo para tentar arrancar esse grude cerebral, mas é só distrair por alguns minutos que do fundo da mente surge o coro muppetiano: "uaaaaah-ahhhhhhhhh-ahhhhhhh" (como pode imaginar este é o wordless chorus).

De qualquer forma, impressiona a evolução da banda nestes dois últimos álbuns que fazem os (mais) antigos ficarem apagados. Em Z a faixa de destaque é Off the Record, um reggae com fechamento progressivo a la Yes em dias de muito ácido. A coisa toda termina em uma passagem para a faixa Into the Woods, que faria os Super Tramp morrerem de inveja. Espetacular também o solo de Laylow, uma daquelas músicas que você torce para que nunca tenha fim.

Okonokos é o greatest hits ao vivo da banda (fenômeno da popeidade contemporânea). Boa presença de palco, excelente performance. Não tem ninguém novato no grupo, então é o que se espera, um bom disco para os não iniciados ficarem a par do assunto.

Resumindo e não concluindo, My Morning Jacket é uma goiabada universal. E como gosto de goibadas universais com queijos mineiros, tá aprovado com o selo joelma.

13 de fevereiro de 2007

Esfriando os tamborins.

Eu gosto de samba. Não sou ruim da cabeça, nem doente do pé. Gosto também de choro, menos de criança. Gosto até de partido alto, desde que não seja estrelado. Logo o Carnaval não deveria me incomodar, mas o problema é que eu não gosto de muvucas.

Se bem que não é exatamente assim. Eu até gosto de muvucas, mas somente quando elas têm alguém que faz chifrinho. Essas muvucas também têm de contar com a presença de algum maluco que fica gritando coisas sem nexo (e.g.: um velhinho de colete de couro que gritava "Lúcifer!!!" em meio ao show do Ummagumma, banda cover do Pink Floyd). Minhas muvucas devem ter pessoas de preto com camisetas de bandas do bom e velho rock’n’roll. E só de banda boa, não me venham com essas merdas de punk e post-punk, eu quero é Led, Hendrix, Clapton e outros dinossauros.

Por isso minha lista do anti-carnaval já está pronta no Winamp. Nela podem até aparecer Bezerra da Silva e Adoniram Barbosa, mas é só para me lembrar que minha muvuca é outra. Sou um novo cara das antigas.

5 de fevereiro de 2007

Quando Hollywood vence.

Alguns filmes demonstram didaticamente como funciona a indústria cinematográfica, caso de Mais Estranho que a Ficção (EUA, 2006, dir. Marc Foster).

Explico o funcionamento da máquina:
Roteiros extremamente perspicazes com grande potencial de abstração e, consequentemente, de reflexão filosófica, são lentamente, no decorrer do filme, conduzidos de volta ao mundano com o objetivo de não incomodar as mentes pouco fecundas, ou, ao menos, de parco interesse em refletir sobre a obra.
A indústria usa-se do assemelhamento à Arte enquanto a leva de volta ao curral das ideias. Mais ou menos como as canequinhas com pinturas de Monet.

Mais Estranho que a Ficção tem os melhores 20 minutos iniciais que vi no último ano no cinema. A idéia é inusitada e extremamente bem conduzida, até que de repente você está em uma comédia romântica de final óbvio. Fim.

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