30 de novembro de 2006

Soldados da borracha. Governo de merda.

O jornal "The New York Times" desta semana mostrou uma parte da nossa história que parece esquecida. Após o ataque do Japão à base norte-americana de Pearl Harbor, durante a II Guerra Mundial, Brasil e Estados Unidos firmaram um acordo de fornecimento de látex, o que implicou no "alistamento" de vários "soldados da borracha". Nordestinos eram levados para a Floresta Amazônica com o "dever patriótico" de ajudar no pacto, e com a promessa de uma passagem de volta para casa, assim que o conflito terminasse. De acordo com o jornal, até hoje esses soldados vivem na floresta e esperam alguma consideração do governo brasileiro.

Os trabalhadores eram praticamente forçados a ir para a floresta. Ataques de animais selvagens, malária e hepatite são alguns dos fatores que comprovam as péssimas condições de trabalho. Longe de suas famílias e sem nenhum meio de comunicação acessível, ao final do conflito, aqueles que tentavam voltar às suas cidades de origem se viam endividados com os patrões dos campos de borracha, que não queriam perder a mão-de-obra barata.

Segundo dados oficiais do governo brasileiro, citados na reportagem, mais de 55 mil pessoas foram enviadas à selva. "Nós fomos trazidos aqui contra nossa vontade, jogados no meio da floresta onde sofremos muito. Eu estou perto do fim da minha vida, mas meu país deveria se importar comigo", declarou Alcidino dos Santos, 83 anos.

Na nova Constituição de 1988, foi criada uma lei de pensão aos soldados da borracha no valor de um salário mínimo, mas parte dos trabalhadores não recebe este benefício, pois não tem como comprovar seu trabalho.

Em 2002, um congressista do Amazonas tentou criar uma taxa que seria revertida aos soldados que viviam em estado de miséria, mas até hoje nada saiu do papel.

Texto extraído do blog do Sidney Rezende.



** N. do Z. **

Enquanto isso, o governo aprova pensões milionárias para os perseguidos da ditadura militar.

Em tempos de companheirismo estelar no governo, somente as vítimas da ditadura e outros vários milhares que colocam sua dita dura no meio das pernas do governo são ouvidos. Todos as outras perseguições, chacinas e invasões são esquecidas em nosso país de vergonha.

** EOF **

27 de novembro de 2006

Salve-se da TPM! Salve-se!!



Da série: Homens que Publicam este Vídeo Desejam Arrumar Problemas em Casa.

Vídeo-clipe não é música.

Tomar guaraná faz isso comigo. Numa dessas idas e vindas de Ipatingolândia, pensava em uma dessas frases contundentes e chocantes de um pensador tupi-guarani-azul-anil. Mas tão chocantes que eu não lembro o nome da figura, apesar de o admirar pacas (coisas do guaraná). A frase: "música não é de nenhuma forma em nenhum aspecto uma poesia; nunca poderá ser". Ok, amiguinhos, eu sei que isso só pode ofender quem é músico, coisa que não sou, mas não me choquei por estar puto da vida com o indivíduo, mas antes por concordar absolutamente com isso.

Isso é tão óbvio quanto afirmar que a escultura não é arte pictórica, mas todo compositor metido a semideus (e.g. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Falcão) cisma que sua música pode ser encarada como poesia. Coisa de baiano.

Da mesma forma que na arte pictórica é ausente a terceira dimensão, do toque e do som, presentes no escultura, na poesia não existe a sonoridade da música (dã). Logo as artes são diferentes criando valores distintos e interpretações diversas (duplo dã). Tudo bem, eu sei que vocês não vão me dar o Nobel por isso. Aliás o pensamento nem foi formulado originalmente por mim, mas como o nome deste post denuncia, só uso esse argumento para analogicamente demonstrar que um vídeo-clipe não é música (ahá).

O vídeo-clipe está em um ramo artístico diferente. E pensando agora, guaranamente, só lembro de uma banda que tenha entendido este conceito, Pink Floyd em seu longa The Wall.

Coisa mais irritante é ver que quase absolutamente todas as bandas veêm o clipe como instrumento de promoção do disco, e não como elemento de continuidade artística em sua obra, a qual, diga-se de passagem, adquiriria nova dimensão e profundidade.

Então: ei, MTV, vai tomar no cu.


** Update (28/11/06) **

Recebi alguns mails me amaldiçoando. Valeu. Mas é bom ressaltar que num post sobre rock, se não levasse as coisas ao extremo, não seria um post sobre rock.
E sim, sei que existem ALGUNS clipes que aprofundam o trabalho musical. Pyramid Song dos Radiohead é fantástico (puxando a sardinha). E a evolução dos Gorillaz não pode deixar de ser notada. Mesmo que hoje nós achemos que o conceito seja pop, na época ninguém esperava nada daquilo.

** EOF **

13 de novembro de 2006

Guaraná Maracanã e suítes luxo-luxo.

A mãe da Patroa está na cidade. Veio passar uns dias na casa da Patroa e de sua irmã. Isto significa(ria) ficar sem divertimento no fim-de-semana, visto que o parque de diversões fica no quarto da Patroa, interditado pela visita da Sogrona.

Oras, como já dizia a música dos Titãs, quando eles ainda eram titânicos, "a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão e arte". Trocando em miúdos, a gente quer comida e sexo. Logo, lá fomos eu e a Patroa passar a noite de sábado em um hotel (com H, porque somos pessoas decentes e defensoras dos bons costumes). Juntamos um kit básico de sobrevivência à manhã de domingo e pegamos um quarto no Savassi Hotel.

Já tinha ficado antes no Savassi Hotel. Ah, tempos bons aqueles onde o quarto não só era jeitoso e bem decorado, como limpinho e com tudo funcionando. Desta vez a realidade era mais tosca e cruel. No corredor a luz não funcionava, no quarto o telefone estava mudo e as paredes sujas faziam parecer que o frigobar havia se incendiado em uma dessas manhãs de segunda, onde nada funciona direito.

Sou um camarada século XXI. Reclamo por meus direitos, daí lá fui dizer para o recepcionista que não queria ficar com o quarto. As condições eram insalubres para o trabalho árduo a ser empreendido. Para espanto meu e da Patroa, o recepcionista nem pestanejou, devolveu o nosso depósito na hora e nos deu um insincero boa noite.

Sem problemas, já tinha um plano na minha mente. Logo ali na Praça da Liberdade tem um hotel Íbis. Refugio para os turistas incertos, loucos por um quarto modelo Big Mac Hoteleiro. Padrão internacional de qualidade.

Aí as coisas começaram a ficar divertidas, já não haviam quartos "double" (maneira extremamente fashion de se denominar "quartos de casais" hoje em dia). O último tinha sido alugado fazia alguns minutos, segundo o atendente.

Pedi ao rapaz (talhado com simpatia McDonaldica hoteleira) que olhasse um hotel nas redondezas com um preço módico (schifaizfavôire). Em segundos tínhamos uma reserva no Mercure.

- Mercure? Onde fica?
- Ah, descendo três quarteirões na João Pinheiro e virando à esquerda na Guajajaras.

Eu já mencionei que estava sem carro? Pois é, decidi deixar em casa. Uma daquelas decisões tão inteligentes quanto a de Napoleão invadir a Rússia. Afinal, lá faz só um friozinho ameno, nada que homens de verdade não consigam superar.

Mas quando alguém lhe diz que é só descer a rua por três quarteirões e então virar a esquerda, espera-se que o destino esteja lá, logo depois da esquina, reluzindo de felicidade por você ter chegado. Sim, espera-se.

No entanto, enquanto descia a dita ladeira, a Patroa lembrava com seu mineirês incontido:

- Uê, mas lá do lado da Faculdade de Direito não lembro de ter hotel, não.

Dito e feito. Quando o camaradíssimo recepcionista indicou o caminho, esqueceu de avisar a distância que se teria de seguir na bendita Rua Guajajaras, visto que o hotel fica próximo ao Minas Centro (do outro lado do centro da cidade, para quem não conhece a bendita cidade montanhosa de Belo Horizonte). O homem devia ser paulista, e tudo era perto em sua mente sem noção espacial.

E não, nobre leitor, não foi por falta de aviso que o infeliz recepcionista McDonladico paulista nos indicou tal hotel na pqp, já havia esclarecido para ele que estava sem carro e queria um hotel nas redondezas (lembram?).

Contudo o brinde Kinder Ovo da noite ainda estava por vir, ao chegar arfando no hotel Mercure só estavam disponíveis suítes "luxo luxo" (maneira extremamente fashion de denominar "quarto double super-caro" hoje em dia). Mais uma informação errada de nosso recepcionista herói.

Àquela altura pagava o que fosse só para conseguir sentar o traseiro em uma cama com molas. Daí: menos R$ 153,00 na minha vida.

Mas, meus amigos, vejam bem, o quarto não era um quarto, mas uma sala com cozinha, área de serviço, duas suítes, terraço com jacuzi, e um quarto para dois solteiros. No total eram três banheiros e quatro TVs.

O equivalente desta história seria sair para comprar um Guaraná Maracanã pequeno, ser enganado pelo caixa da padaria do bairro vizinho, andar por todo o bairro, pagar o dobro, mas levar Coca-Cola super-litro para casa.

O final é similar nas duas histórias: a Coca ficaria sobrando na geladeira pela semana afora, perderia o gás e no final você jogaria todo o resto fora. No nosso causo, o potencial de transas é mais limitado que o número de cômodos disponíveis para uma noite de tórrida paixão.

10 de novembro de 2006

Amém.



Da restritíssima série: Peças Publicitárias Inteligentes.

Disclocure: I'm a bugsy buggy boogie-woogie Bug fan.

3 de novembro de 2006

Ary Toledo, a RIAA e a teoria da conspiração.

Após 927 downloads, o 4shared resolveu tirar do ar minha conta onde estava hospedada a versão digital do nosso clássico da cultura brasileira, O Vendedor de Bucetas, de Ary Toledo.

Não que isto seja realmente um problema, afinal já coloquei a mesma obra à disposição em outra conta no mesmo provedor de serviços.

No entanto, dada a impossibilidade de um arquivo tão pequeno e com um número não tão expressivo de downloads ao longo de três meses ter sido retirado do ar por excesso da cota de compartilhamento, resta a suspeita de que Ary Toledo, com o auxílio da Associação Norte-Americana da Indústria Fonográfica (RIAA), tenha censurado nosso entretenimento.

Ary, seu vendido, shame on you!

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