27 de fevereiro de 2006

Buenos Aires querida.

É muito fácil gostar de Buenos Aires, a cidade está aberta a todos.

Brasileiros são muito mais do que bem recebido por lá, e todos os boatos que se tem da arrogância platina não são verdadeiros. É claro que indivíduos de narizes empinados existirão em qualquer lugar do mundo, mas não faz parte da natureza argentina ser arrogante. Talvez essa fama seja uma confusão com uma obsessão fálica bem engraçada que existe por lá. Os argentinos querem que seus edifícios e monumentos sejam os maiores e melhores em tudo, mas isto é natural a qualquer povo, e é também em parte reflexo do retraimento que sofreram devido ao desgaste económico ocorrido principalmente após a segunda metade do século XX. Quando se está diminuído você quer mostrar as suas melhores qualidades. Um tentativa de tomar a liderança do bando de novo. Além de ser um óptima manobra do estado, mas quero esquecer as politiquices.

Tenho a impressão que hoje existe na Argentina um sabor lusitano, talvez devido à perda do ápice como em Portugal, a ex-potência marítima. Esta melancolia parece estar em tudo. Buenos Aires fica uma capital um pouco nostálgica, com seus bairros parisienses e tango triste. Mas ao contrário dos portugueses o povo ainda não se entregou, vai às ruas cantar músicas e fazer confusão.
O calor ainda existe lá, e espero que não se apague.

Buenos Aires faz sonhar em ter uma América do Sul unida, não na economia que isso é consequência, mas no olhar.

Uma pena que eles não saibam jogar futebol.

25 de fevereiro de 2006

24 de fevereiro de 2006

Cheiro de mar e música na cabeça.

No início de Us and Them dos Pink Floyd existe um solo de teclado. Era isso que tocava em minha mente quando em Lisboa ia em direcção ao oceanário.
A arquitectura da Expo lhe faz sentir menor do que já é. Tudo é grande e de horizontes largos. Quando o lugar está vazio, você se sente uma pulga. É como quando se está em Brasília desacompanhado. E foi lá, caminhando em direcção ao oceanário que vi a ilusão dela sobre o corpo de outra pessoa.
É um pouco engraçado pensar nisso agora, mesmo sabendo que era impossível a presença dela, a armadilha de minha mente foi tão bem accionada que o coração disparou. Apertei o passo para tentar ver seu rosto melhor, e quando ela se aproximou fiquei sem palavras. Ainda bem, não era ela. Foi exactamente aí que a música ficou mais alta nos meus ouvidos, mas àquela altura já estava acostumado com a sensação e segui andando em direcção ao oceanário.
Felicidade, porque foi uma experiência incrível ir ao oceanário desacompanhado.

Sempre fui criança nestes lugares, mas por lá foi mais fácil que o habitual. Foram três horas e meia experimentando tudo, conhecendo tudo. Se estivesse acompanhado talvez não conseguisse despender tanto tempo. Ia ter a preocupação de cansar ao outro, e o oceanário não é lugar para isto, é lugar para ser guloso.

Ter Us and Them substituída por sons do mar e cheiro de água salgada é espectacular.

. Se a sua pergunta é 'quem era ela?', a resposta é: a ilusão que todos temos.
. Se a sua pergunta é 'que música é essa, Us and Them?',você nunca ouviu o álbum Dark Side of the Moon e é uma pessoa desprezível por isso.
. Se a sua pergunta é 'o que é a Expo?', tome:
http://www.parquedasnacoes.pt/pt/expo98/
. Se a sua pergunta é 'o que é o oceanário?', tome:
http://www.oceanario.pt/

21 de fevereiro de 2006

Chico me diz.

"O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai"

Dizem que Chico Buarque entende as mulheres. Na verdade ele entende algo muito mais profundo, o feminino.

O feminino não é componente exclusivo das mulheres (prova disso é o Chico), tampouco seu componente fundamental em todas elas (prova disso é a Margareth Tatcher). O feminino pertence a toda humanidade, muito embora os homens teimem com mais veemência negá-lo.

Mas é lindo quando se dá o encontro dos dois, o masculino com o feminino. Seja no sexo, no casal, na pintura ou na poesia. O resultado sempre é o amor.

Chico já descobriu isso.

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